quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Fez hoje um ano


Fez hoje um ano que parte de mim morreu! Mas fez também hoje um ano que eu renasci! Renasci como mulher, como mãe, como EU! Como um EU que não me era permitido ser, não sempre que ela estava por perto!
A relação com a minha mãe nunca foi uma relação fácil! Desde que comecei a desenvolver a minha personalidade, que chocávamos em tudo! 
Ela nunca esteve presente em nada, nunca me acompanhou em nada, nunca se orgulhou de nada que eu, ou o meu irmão (mais velho) fizéssemos! TUDO estava sempre mal! Nunca éramos bons o suficiente, nunca nada chegava.
Depois que fui mãe as coisas ainda se agravaram mais! Pois eu agora estava no mesmo patamar que ela e podia ter outra perspectiva das coisas. E tinha! Apesar de, tal como ela, ter sido mãe com 18 anos de um homem que nunca me amou, a minha filha esteve sempre primeiro. Em TODAS as minhas decisões! Isso nunca aconteceu com ela. As suas decisões sempre foram tomadas sem ter em consideração os filhos ou com quem estes ficavam. Fomos criados por empregadas (o dinheiro tem destas coisas) e educados pela minha avó!
Casei com 18 anos, grávida de 4 meses! Fui muitas vezes chamada de puta pela minha mãe, apesar de ter engravidado do único namorado que tive até então.
Divorciei-me e voltei a morar com ela! Foi a pior das minhas decisões, mas não tinha alternativa. Tinha 21 anos, uma filha com 3, andava na escola e trabalhava. Não tinha dinheiro e tive que sujeitar. Mal sabia eu que, depois daquele dia a empregada seria eu. Tinha a meu cargo, não só a minha filha, como o meu irmão mais novo (com 4 anos na altura). Só conseguia estudar depois deles irem para a cama, arrumar a cozinha, deitá-los, etc! e tantas vezes o cansaço era tal que já não tinha forças!
E assim foi até acabar a faculdade! Nunca pude sair, não me era permitido pois tinha que tomar conta deles. Ela raras foram as vezes que ficou a tomar conta da neta, mesmo já depois de a deitar, ela não me deixava sair com os amigos, como fazem todas as miúdas de 20 anos!
Comecei a trabalhar e um ano depois ganhei coragem e saí de casa! Fui morar sozinha com a minha filha! Foi dos maiores actos de coragem que tive e que mais me orgulho. 
Fui cobrada por tudo e mais alguma coisa. Nenhum acto havia sem ser cobrado a seguir.
A decisão de morar com o meu actual marido, a decisão de vir morar onde hoje moro....TUDO ESTEVE SEMPRE MAL
A violência psicológica é muitas vezes pior que a física. 
Mas quando esta já não era suficiente há um ano passou TODOS os limites que eu achei possíveis.


Esta marca que vêm no meu rosto é a marca dos dentes da minha mãe! Sim é verdade!
Não contente com os insultos que proferiu e que eu, já farta desta história, resolvi refutar, não conseguindo rebaixar-me como era o seu costume decidiu fazer-me isto!
E isto aconteceu em frente à minha filha mais velha!
Fez hoje um ano!

 Nunca mais lhe dirigi uma palavra. A minha filha nem pode ouvir falar na avó! 
O meu irmão proibiu-a de estar com os netos (só dele são 3)!!! Nunca mais esteve com qualquer um dos netos! Fez hoje um ano!
E seu eu disser que estou mais feliz do que nunca, parece de doidos! Mas podem acreditar!
Sou livre!!!

Libertei-me de uma corrente que me prendeu durante 34 anos! E hoje sou mais feliz porque SOU EU!!!
E não há sensação melhor de podermos ser nós mesmos rodeados de quem mais amamos!
Aos meus sogros tenho uns pais que estiveram comigo durante este processo e que me ajudaram, e muito, nesta dura jornada!

Ao meu marido, nem tenho palavras, pois ele é o meu porto-seguro há já 14 anos! Sem ele sou metade! E sem as minhas filhas não sou ninguém! E ser mãe é isto! É SEMPRE os filhos primeiro. Pena tenho que nem toda a gente saiba disso!

4 comentários:

  1. Minha Querida apesar de conhecer por alto a tua história, não me deixei de emocionar ao ler, tudo isto que escreveste. A tua vida dava um filme!!!! és o que a tua mãe não conseguiu ser, uma Boa Mãe, ser profissionalmente bem sucedida, encontrar o amor, o que tudo isto junto faz de ti uma grande MULHER. A inveja que tem por tudo que alcançaste, tornou-se num ódio superior ao amor de te ter como filha. A dor, por pequena que seja vai lá estar mas infelizmente não esta ao teu alcance resolve-la. Ama quem te ama. E tudo o que tens não deves a ninguém a não ser a mulher lutadora e determinada que és!!!

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    1. Obrigada pelas tuas palavras! O carinho dos amigos ajuda e muito!

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  2. Ainda bem que "optaste" por ter uma família linda e feliz!
    E aguarda, que um dia a realidade vai "cair-lhe" em cima.
    Beijos
    Alexandra

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    1. Talvez "esse" dia venha a ser tarde! Nunca se sabe!
      Obrigada!

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